Desafios e possibilidades de ensino e aprendizagem das crianças em casa

A dificuldade de iniciar e manter em atividades pouco prazerosas é um grande desafio (Foto: Banco de imagens)

Mariana Fenta

O estado de pandemia causado pela novo coronavírus trouxe consequências desastrosas para diversos setores da sociedade. Entretanto, as pessoas também sofreram diretamente com o impacto da crise. Estar recluso em casa por uma obrigatoriedade e com todos os membros da família não e tarefa fácil.

Para as crianças, estar em casa com a família era um momento associado ao descanso, aos jogos, ao estar junto e, simplesmente, não pensar na escola. Mas, na atual conjuntura, a casa se transformou no escritório dos pais, na escola das crianças, nas únicas relações interpessoais possíveis. Na televisão, apenas notícias nada animadoras em relação ao futuro.

Estes abalos e intercorrências afetaram diretamente a todos. Contudo, quando encontramos uma criança com TDAH, encontramos outras problemáticas. A dificuldade em controlar impulsos e gerenciar as emoções são alguns dos fatores que podem afetar ainda mais este momento em casa. Hoje, já sabemos que as pessoas que apresentam esse transtorno tem déficits nas suas funções executivas, como a atenção alternada, controle inibitório, resolução de problemas, memória de trabalho. Esses déficits trarão consequências diretas para a sua aprendizagem.

A dificuldade de iniciar e se manter em atividades pouco prazerosas e repetitivas (Abud, 2019) é um grande desafio para estas crianças. Por isso, temos que pensar nos papeis de cada um dos envolvidos: a criança, a escola e a própria família.

Todas essas mudanças alteraram não só o ambiente, como o cérebro das crianças com TDAH, o que repercutirá na sua aprendizagem. Então, quais são as soluções possíveis para que possamos tornar o dia a dia e o processo de aprender melhor?

Algumas atitudes podem ser tomadas para que possamos facilitar a vida acadêmica deste aluno, que podem e deve ser elaboradas em conjunto com a criança, a família e a escola. Este aluno, provavelmente, estará em sofrimento, no sentido de que estar atento à tela quando não é uma situação motivadora, como um jogo, é muito complicado.

A ajuda e o suporte neste momento serão primordiais para que ele consiga chegar ao final do dia com as tarefas minimamente cumpridas. O esforço deve ser feito diariamente. A figura a seguir apresenta algumas propostas que podem facilitar este dia a dia e a aprendizagem dessas crianças.

Abrir o diálogo em família, ouvir e pensar em soluções de forma cooperada são o início para solução dos problemas. Depois, identificamos as tarefas e organizamos o dia, sempre a considerar os momentos de pausa, descanso e/ou atividades motivadoras.

Vale ressaltar que nenhum dos suportes apresentados será eficaz, caso eles sejam pensados em conjunto com a criança e não sejam reforçados e suportados por outros intervenientes, como família e a escola. Assim, cada medida adotada deve ser conversada e planejada de forma colaborativa para que consigamos alcançar um maior sucesso no seu desenvolvimento.

O monitoramento, no sentido de dar o suporte na medida que cada um precisa, é extremamente importante. Desta forma, a parceria e a colaboração são imperativos para alcançarmos bons resultados com as nossas crianças.

Mariana é Psicopedagoga, Mestranda em Ciências da Educação Especial – Domínio Cognitivo e Motor, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia.

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