Igor Savenhago, da Redação Inclua
Ele parece inquieto. Corre de um lado para o outro, orienta um colaborador aqui, outro ali. Atende ao telefone. Desliga, atende outro. “Precisamos organizar aquela questão sobre o evento”, diz, em voz alta, para alguém. Vai ao computador. Tem reunião virtual. Olha o WhatsApp, responde algumas mensagens enquanto a reunião não começa. Vê, pelo canto do olho, outra mensagem do “zap”, que pede que ele aprove algumas artes para a equipe de Comunicação. “Depois da reunião, já faço isso”, diz a si mesmo.
Não fosse a calma das Minas Gerais, a rotina poderia trazer ainda mais ansiedade. Mas Caio Toledo tem um imenso prazer nesse trabalho todo. Afinal, é por uma boa causa. Uma grande causa: a inclusão social.
À frente do Inclua desde o início das atividades, há 3 anos, comemora mais um aniversário do instituto vibrando com todas as conquistas até agora e com as novas perspectivas.
Quer saber quais são as novidades? Ele inseriu essa entrevista na agenda de compromissos para que pudesse adiantar algumas delas.
Que balanço e possível fazer das ações do Inclua nesses 3 anos?
Um balanço muito positivo. Foi muito suor para chegar até aqui, burocracias para a legalidade do Inclua, muitos dificultadores encontramos pelo caminho. Mas, olhando a nossa recente fundação e tudo atingido até aqui, precisamos agradecer por esse fortalecimento durante o processo. Ninguém falou que ia ser fácil, mas, se soubesse o quão gratificante seria, teríamos iniciado este movimento antes. São muitos parceiros e apoio. Então, a colaboração é algo essencial em todo pedacinho de nossa história.
Qual a importância do instituto para a comunidade de Paraíso e região?
Estamos enxergando mudanças significativas já na comunidade, e isso pode ser medido pelo engajamento de diversas novas pessoas na causa. Criação de novos conselhos, novas iniciativas que visam à inclusão ou propõem alguma estratégia para ajudar. E nossa região já começa a aproximar do Inclua, para entender formas de melhorar a inclusão em suas comunidades. Não possuímos as respostas, mas possuímos uma sede enorme em contribuir para uma sociedade mais inclusiva. E temos muito orgulho de unir forças com diversas pessoas que já defendem a bandeira da equidade e acesso a todos. Somente com a ajuda de muitos será possível essa transformação social.
A Covid-19 intensificou as ações do instituto? De que forma?
As ações do Inclua, que eram recentes, praticamente pararam. Não conseguíamos reunir para avaliações, grupos de pais, nem de estudos e muito menos eventos, que eram o carro-chefe da captação de recursos. Foi hora de redesenhar nosso dia a dia e foi novamente com o apoio da comunidade e de empresários locais (Laticínios Aviação, Sicredi, Sicoob, Coopercitrus, Supermercado Tonin e muitos outros) que passamos a ser ponte para aqueles que precisavam, visto que muitas instituições da cidade reduziram atendimento ou até mesmo fecharam as portas por algum período. Assim, surgiu a necessidade de fortalecer a atuação do serviço social e iniciar um cadastro mais consistente das famílias beneficiadas pelo Inclua.
A que fatores se deve ao Inclua ter conseguido tantos parceiros nesses 3 anos?
O Inclua acredita que investimentos em ações sociais e de impacto são decisivos para a transformação social que tanto precisamos. Então, buscamos sempre alinhar nossas atuações a pessoas e marcas que tenham, de fato, esse propósito de melhorar as realidades. Inclusive, é através dos parceiros que, a cada dia, redesenhamos nossa atuação e sempre apoiados na premissa que a inclusão de todos, é o nosso valor maior.
O Inclua depende bastante de doações, mas se preocupa com as contrapartidas. De que forma?
A ideia é que quem ajuda ganha não só por fazer uma boa ação. Gostamos da ideia de rede, de benefício mútuo. É assim que todos ganham e, talvez, será assim que aproximaremos mais pessoas da nossa história. Afinal, o nome já diz… Inclua. E incluir é pertencer, fazer parte. E, se a diferença está no que fazemos, com certeza juntos iremos ainda mais longe e a perspectiva de mudança positiva na comunidade se torna ainda mais clara.
Por ocasião do aniversário de 3 anos, o Inclua tem vindo com novos projetos e perspectivas. Poderia falar um pouco sobre eles?
Este aniversário do Inclua marca uma reestruturação dos nossos serviços. Agora, eles estão divididos em sete, com o intuito de levar o instituto a comunidades, escolas, hospitais, casas de apoio, instituições de longa permanência de idosos, clínicas para dependentes químicos, penitenciárias, entre outros. São eles: O Inclua Arte & Educação, que junta o teatro, a música, a literatura e outras linguagens artísticas com uma pedagogia inclusiva; o Inclua Escolas, que capacita pessoas para propor o desenvolvimento pleno de outras pessoas de forma geral, de forma a prepará-las para a diversidade e a inclusão; o Inclua Empresas, que busca a inserção de diferentes grupos sociais no mundo do trabalho; o Inclua Eventos, que desenvolve palestras, simpósios, congressos, cursos e oficinas sobre diversos temas; o Inclua Mulheres, que busca oferecer a elas oportunidades na vida pessoal e profissional que antes eram restritas ao ambientes doméstico, bem como combater a violência de gênero; o Inclua Família e Sociedade, que desenvolve propostas de organização famílias, visando aproximar pais e filhos; e o Inclua PcD, que pensa e executa projetos específicos para pessoas com deficiência.
Que ações ainda vão ocorrer agora em março, mês de aniversário?
Na próxima semana, em parceria com a Superintendência Regional de Ensino, faremos palestras em quatro escolas do Ensino Médio, multiplicando uma metodologia da Visão Mundial, parceiro em comum do Juntos Pelas Crianças, sobre a utilização da internet com segurança. Apoiamos e sabemos da importância da inclusão digital em toda população, assim como seus desafios. Haverá, ainda, uma palestra para pais e responsáveis, que será realizada na Câmara Municipal em parceria com a assembleia do Legislativo. Também sobre o tema de internet segura, mas com foco no controle parental para utilização com segurança dos filhos. De 21 a 28, mesclaremos o Inclua Arte & Educação com o Bazar, trazendo o primeiro BazArte. Além de arrecadar fundos com as vendas dos objetos doados, teremos muitas atividades, culturais, artísticas e educacionais. Nos dias 25 e 26, teremos a venda de marcas famosas em um Outlet no mesmo local: calças e shorts jeans masculinos e femininos de marcas como Brooksfield, Calvin Klein, Le Lis Blanc, Zoom e muitas outras.
Todas essas ações são voltadas a diversos grupos sociais, né, ampliando a proposta inicial do instituto que era atender, exclusivamente, pessoas com deficiência?
Entendemos que nossa missão é a inclusão. E, como a inclusão não escolhe uma etapa do desenvolvimento humano, ampliamos nosso público-alvo apoiado em nosso maior valor.
Como vê os próximos 3 anos do Inclua?
Essa pergunta ecoa dentro de mim há três semanas. Confesso nunca ter pensado até aqui nisso, mas, recentemente, com a aproximação de pessoas incríveis, que já já vou ter o prazer de apresentar a todos vocês, essa pergunta surgiu. E como dizem: o que movimenta o mundo são as perguntas. E, no Inclua, não é diferente. Em um mês, teremos melhor planejado nossas ações futuras e volto em breve pra contar aqui.
E o Instituto a longo prazo? Onde ele pretende chegar?
No encerramento da sua atividade. Afinal, quando a inclusão for um fato, não precisaremos mais existir. Mas isso será possível um dia? Não sei dizer. Só sei que as perspectivas não são boas, mas que, constantemente, tentamos transformar sonhos impossíveis em realidade, e ajudar nesta mudança tão importante.