Dia do cérebro: a importância da neuroplasticidade nos primeiros anos de vida

Nos primeiros anos, o cérebro tem maior capacidade para novas habilidades e competências (Imagem: Banco de imagens)

Deborah Kerches

O desenvolvimento do cérebro humano inicia-se ainda no período intrauterino, o que vai estabelecer a arquitetura básica, funcionamento e conectividade cerebral do bebê. Qualquer insulto ou prejuízo já nessa fase pode impactar negativamente em relação à saúde física, mental, comportamental e no aprendizado das mais diversas habilidades ao longo da vida.

Uma das características mais fascinantes do cérebro é a neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade cerebral ou plasticidade neuronal, que é a capacidade de moldar-se, adaptar-se em nível estrutural e funcional ao longo da vida mediante estímulos recebidos e experiências vividas.

A neuroplasticidade é especialmente importante nos primeiros anos de vida, quando o cérebro é ainda mais plástico, maleável, com maior capacidade para desenvolver novas habilidades e competências, o que explica a importância de intervenções precoces quando há atrasos e déficits no desenvolvimento neuropsicomotor e social. Tão importante quanto é oferecer, para todos, experiências saudáveis e inúmeras oportunidades de aprendizado, possibilitando, assim, que bilhões de neurônios e “boas” conexões sejam reforçados.

Em contrapartida, o estresse, um ambiente violento, histórico de abuso, uma nutrição inadequada, sedentarismo, entre outros fatores, atrapalham a neuroplasticidade na infância.

O poder da neuroplasticidade na infância ressalta ainda a importância do brincar na vida de toda e qualquer criança!

O brincar proporciona muito mais do que diversão. É ferramenta para promover o desenvolvimento socioemocional, cognitivo, de habilidades motoras, linguagem, habilidades matemáticas iniciais, autorregulação, funções executivas e um cérebro social (que será especialmente determinante para relacionamentos saudáveis e seguros ao longo de toda a vida).

Que a data de hoje seja de conscientização sobre a importância desse órgão extraordinário, que encontra na infância seu “melhor momento”. Ofertar às crianças experiências positivas contribui significativamente para o desenvolvimento cerebral saudável, impactando de forma positiva ao longo de toda a vida.

Deborah, CRM 102717-SP, RQE 23262-1, é neuropediatra especialista em Transtorno do Espectro Autista; coordenadora e professora de pós-graduações do CBI of Miami; autora do livro best-seller “Compreender e acolher Transtorno do Espectro Autista na infância e adolescência”; conselheira profissional da REUNIDA (Rede Unificada Nacional e Internacional em defesa das pessoas com Autismo); mestranda em Análise do Comportamento pela PUC-SP; madrinha do Projeto Social Capacitar para Cuidar em Angola; membro da Sociedade Brasileira de Neuropediatria, da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (ABENEPI), da Academia Brasileira de Neurologia, da Associação Francesa La Cause des Bébés e da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Tem uma página no Instagram, @dradeborahkerches, com conteúdos sobre TEA, neurologia e saúde mental infantojuvenil.

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